A nostalgia da década de 1980 ecoa pelo universo cinematográfico norte-americano já faz alguns anos, dessa vez o período respinga em terras paradisíacas da Normandia com o filme "Verão 85" (2020), do aclamado diretor francês François Ozon (Graças a Deus, O Amante duplo, Jovem e Bela), que integrou a seleção oficial do Festival de Cannes ano passado. Com esse cenário embriagado de beleza em pleno verão europeu, o longa-metragem vislumbra os primórdios da atração física entre pessoas e o quanto essa chama visceral torna-se em combustível para ações de cunho irracional, e ao mesmo tempo, bela e poética.
O filme que estreou na última quinta-feira (03) nas salas de cinemas abertas, acompanha Alexis (Félix Lefebvre), estudante de 16 anos quando este conhece David (Benjamin Voisin), um jovem motociclista que transpira sua sexualidade sedutora. Os dois imergem em um romance com aberturas para fluidez de sentimentos, típico desta faixa etária, que transborda no bailado incontrolável das emoções. No entanto, essa enxurrada de sensações e descobertas demanda um preço que talvez ambos não estejam aptos a pagarem.
Embalado por uma trilha sonora com clássicos desta década como a banda "The Cure" e o cantor Robert Stewart, o público é convidado a desfrutar da beleza e da angústia do primeiro amor. Fase essa da vida, cujas pulsões não veem fronteiras, mas sim, possibilidades para deixar-se envolver de corpo e alma. Corpo este que ganha destaque na narrativa não só como repositório do desejo físico, mas também como local para acolhimento e a dor.
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