44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - "Miss Marx" emplaca o entrelaçamento do diálogo sobre a opressão tanto na vida dos trabalhadores quanto das mulheres

 

A 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que acontece até o dia 04 de novembro, contempla em sua programação a curiosa e envolvente jornada da filha mais nova de Karl Marx, Eleanor (Romola Garai), com o filme "Miss Marx", da diretora italiana Susanna Nicchiarelli (Nico, 1988). O longa-metragem laureado no Festival de Veneza com o prêmio de Melhor Filme pela Associação Italiana de Cineclubes, reverbera a luta desta jovem no final do século XIX em busca de equidade entre os trabalhadores e, também, entre homens e mulheres.

Ao som de um punk rock, a narrativa inicia-se com o velório do filósofo - responsável pela elaboração de um dos maiores estudos já feitos sobre o capitalismo "O capital" (1867), e também do "Manifesto Comunista" (1848) em conjunto com Friedrich Engels -, para dar espaço e voz à Eleanor. Assim como a trilha sonora orquestrada para acompanhar o filme não condiz com o momento histórico, a protagonista também encontra-se inserida em um período ao qual seus ideias de melhores condições de trabalho para os explorados e contra a dominação masculina sob as mulheres, ainda são pautas com poucas brechas de discussão e mudança.

Mesmo com DNA revolucionário, de espírito livre e inteligente, Eleanor tem sua vida transformada quando decide viver ao lado do escritor Edward Aveling (Patrick Kennedy), um homem de índole duvidosa. A união dos dois vista com maus olhos pelos outros, conduz esta mulher transgressora a vivenciar na realidade o labirinto nebuloso da opressão patriarcal. 

A cinebiografia de Eleanor Marx propicia um cuidadoso retrato de época sobre a condição de uma mulher inserida em núcleo privilegiado da sociedade ocidental. No entanto, mesmo estando nesse lugar é possível observar as tentativas frustrantes de transformações para a mulher dentro das estruturas burguesas, e o quanto esse processo em alguns casos destina este feminino para um final trágico.

"Miss Marx", guinada por uma personagem principal nutrida de simpatia e modernidade, emplaca reflexões atuais não só sobre a questão da mulher e do casamento, mas também em relação ao trabalho infantil e a exploração de mão de obra, demarcando o entrelaçamento dos diálogos dessas minorias no sistema capitalista patriarcal.

Para maiores informações acesse ao site: Mostra

Para assistir aos filmes da programação, acesse: Mostra Play

CineBliss**** 


Ficha técnica: 

Miss Marx (Miss Marx)

Itália/Bélgica, 2020

Direção: Susanna Nicchiarelli

Elenco: Romola Garai, Patrick Kennedy, John Gordon Sinclair

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