"Entre Mulheres" concede uma voz comunitária das mulheres sobre o debate dos alicerces patriarcais
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Laureado esse ano com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, o longa-metragem "Entre Mulheres"(2022) da diretora, roteirista e atriz canadense Sarah Polley, expõe com precisão uma radiografia das engrenagens do sistema patriarcal da sociedade ocidental por meio de uma comunidade isolada, em sua maioria mulheres brancas de diversas idades, que são constantemente estupradas pelos homens. Como uma forma para tentarem evitar mais ataques, elas decidem reunir-se em um sótão para elegerem e debaterem os melhores caminhos para que futuras gerações não sejam submetidas pelos mesmos tipos de violências.
Como já no letreiro inicial do filme, tem-se a inscrição com os dizeres "O que se segue é um ato da imaginação feminina", apresentando as mulheres da comunidade reunidas e votando se ficam ou não no local, as consequências que tais ações podem resultar e como gostaria de serem tratadas no espaço público e privado. Nessas discussões, inúmeras questões relacionadas às pautas feministas são trazidas à tona tais como os alicerces de como o patriarcado se instrumentaliza na sociedade ocidental na forma de produção (masculina) e reprodução (feminina), a última na condição de controle e domínio desses corpos.
Mesmo com opiniões diversas, essas mulheres dão vazão para suas dores e constroem através de suas próprias vozes como poderiam estar inseridas dentro de uma sociedade mais igualitária e que respeitasse as mulheres como um todo. Claro que aqui estamos falando sobre mulheres brancas e ocidentais - no caso, não alfabetizadas -, que tem na figura de um professor (homem e branco) o responsável por colocar no papel todas as questões que ali estão sendo expostas.
Sem preocupar-se em situar qual período histórico que a narrativa está inserida, haja vista que há menção do censo no ano de 2010 e ao mesmo tempo as personagens vestem-se como se estivessem no começo do século passado sem nenhum tipo de tecnologia, a diretora e roteirista elucida de modo didático quais dispositivos a serem adotados para a existência da mulher como sujeita de seu próprio destino, e indo além, para um futuro promissor para além do gênero com propostas que visam olhar para o outro na sua fragilidade e necessidade de estabelecer laços de afinidade, cooperação e cuidado.
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