2021 marco para a jornada de cineastas mulheres laureadas com os prêmios máximos do cinema mundial

 

O ano de 2021 pode ser considerado um marco para a jornada de cineastas mulheres uma vez que a premiação do Oscar, assim como os dois maiores festivais do mundo cinematográfico - Cannes e Veneza, terem destinados seus prêmios máximos para narrativas dirigidas por figuras femininas. Logo no começo do ano, teve-se a chinesa Chlóe Zhao (Eternos) laureada na festa do Oscar nas categorias Melhor Filme e Melhor Direção por "Nomadland"(2020). Até então, nos 93 anos de história das condecorações deste evento estadunidense apenas Kathryn Bigelow havia recebido tal láurea pelo filme "Guerra ao terror", de 2008. 

Nesta mesma onda, o Festival de Cannes consagrou a francesa Julia Ducournau (Raw) com a Palma de Ouro pelo visceral "Titane" (2021). Tal como o Oscar, apenas a cineasta Jane Campion havia recebido o prêmio máximo em 1990 por "O Piano", porém dividido com o diretor Chen Kaige por "Adeus, minha concubina", por conta de um empate do júri. Por último, foi a vez do Festival de Veneza direcionar o Leão de Ouro para a francesa Audrey Diwan, pelo filme "L'èvénement", que no ano passado já havia premiado a chinesa Chlóe Zhao pelo título já citado. 

Mesmo com temáticas distintas, as três narrativas transitam na orbita de se fazer ouvir as vozes daquelas que foram por muitos séculos condicionadas a silenciarem. Com três protagonistas mulheres e brancas, de faixas etárias diferentes, cada uma dessas personagens reverberam as erupções de raiva, frustração e dor como uma forma de manifestação de resistência e busca por liberdade em um sistema ainda desigual para com elas.

Se de um lado, tem-se  em "Nomadland", a personagem Fern (Frances McDormand), com seus 60 anos aventurando-se por estradas norte-americanas à procura de trabalho e um novo sentido para a vida. Do outro, há em "Titane", a fervorosa Alexia/Adrien (Agathe Rousselle) em sua eletrizante jornada de metamorfose corporal frente à uma carência afetiva. Assim como, em "L'èvénement" há o esforço da jovem Anne (Anamaria Vartolomei) em reivindicar pelo direito de escolher ou não em levar adiante uma gravidez na França, de 1960, onde o aborto era ilegal. 

Sem sombra de dúvidas, Fern, Alexia/Adrien e Anne, lampejam um protagonismo feminino sólido nas telonas por meio de narrativas com forte sentimento de indignação, e reverberam corpos em risco, corpos que gritam e corpos que anseiam em reivindicarem por suas subjetividades. Enquanto tal, as cineastas Chlóe Zhao, Julia Ducournau e Audrey Diwan, injetam uma vitalidade criativa no cinema mundial ao abraçarem diálogos com as diferentes audiências em temas desconfortantes e provocativos.

Segue abaixo as informações sobre cada um dos três filmes: 

Nomadland (Nomadland) 

Direção: Chlóe Zhao
Estados Unidos, 2020
Oscar de Melhor Filme
 

 Titane (Titane
) 
 
Direção: Julia Ducournau
França/ Bélgica, 2021
Palma de Ouro em Cannes 
 
 
Happening (L'èvénement)
 
Direção: Audrey Diwan
França, 2021
Leão de Ouro em Veneza 
 

 

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