Estreia hoje na plataforma MUBI a acachapante narrativa iraniana "Holy Spiders"

 

Na semana em que ocorreu o Dia Internacional da Mulher com diversas homenagens feitas em espaços públicos e ao mesmo tempo os meios de comunicação divulgarem diversos números e estáticas preocupantes sobre as condições das mulheres tanto no Brasil quanto no mundo em relação às violências cometidas contra seus corpos, as desigualdades salariais e tantas outras pautas, a plataforma de streaming MUBI lança hoje em seu catálogo a acachapante narrativa iraniana "Holy Spiders", do diretor iraniano-dinamarquês Ali Abbasi, que traduz com precisão a trajetória de atrocidades direcionadas para um grupo de mulheres consideradas "impuras" na cidade de Mexede, no Irã.
 
Baseado na história real do serial killer Saeed Hanaei (Mehdi Bajestani), que durante o ano de 2000 a 2001 matou 16 mulheres com a justificativa de estar em uma missão sagrada de limpeza, o filme acompanha a rotina desse homem de "família" e sua vida dupla noturna quando saía às ruas em sua motocicleta abordando prostitutas e ao trazê-las para sua casa a estrangulava-as com seus próprios véus. 
 
O filme selecionado na categoria principal do Festival de Cannes do ano passado, logrou o prêmio de Melhor Atriz para Zar Amir Ebrahimi, com sua interpretação da jornalista Rahimi, cuja empreitada é desvendar a identidade de tal assassino. Embriagada em querer fazer justiça, a profissional confronta a todo momento da narrativa as barreiras impostas pelos homens no poder que a subjugam e esbanjam comentários e atitudes machistas sem nenhum tipo de pudor.

Esculpida em uma teia de teor investigativo e provocador à lá hollywoodiano, o filme escancara quais corpos importam em uma sociedade regida por leis severas de um sistema patriarcal que regularmente condiz com violências tanto físicas quanto psicológicas destinadas aos corpos femininos. Tal sociedade também revela-se complacente com tal assassino a ponto de apoiá-lo em sua "missão divina" e presenteá-lo com alimentos e outros itens. 
 
A tensão e o desconforto causado em todo decorrer do filme, e particularmente na sequência final em que o ciclo de violência às mulheres ganha ares ainda mais bárbaro, expressa o quão espinhoso e longo é o caminhar para que corpos femininos sejam tratados com devido respeito e que possíveis violadores sejam punidos por órgãos do Estado, seja iraniano como no caso da narrativa, ou em qualquer outro país. 
CineBliss *****


Ficha técnica: 

Holy Spider (Holy Spider) 
Dinamarca/França/Suécia/Alemanha, 2022
Direção: Ali Abbasi 
Elenco: Zar Amir Ebrahimi, Mehdi Bajestani,

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