"Os papéis de Aspern" trafega em um labirinto de mistério e obsessão


 
Baseado na obra de Henry James de 1888, estreia nesta quinta-feira (23) o filme "Os papéis de Aspern" (2018), do diretor francês Julien Landais, estreante em longa-metragem. O drama situado no século XIX, narra a viagem do ambicioso editor norte-americano Morton Vint (Jonathan Rhys Meyers) para a cidade italiana de Veneza, em busca de cartas escritas pelo poeta Jeffrey Aspern para sua amada, Juliana (Vanessa Redgrave). No local, ele depara-se com uma senhora de idade e sua sobrinha, Tina (Joely Richardson), morando em uma caquética mansão.

Ao assumir uma identidade falsa, Morton Vint adquiri a permissão de Juliana para hospedar-se na casa e começa a vasculhar a rotina dessas mulheres. Logo, ele percebe a existência de vários segredos envolvendo o conteúdo desses papéis e decide pedir ajuda à sobrinha, só que a mulher exige uma condição um tanto quanto perigosa para colaborar nessa empreitada.

Com a maioria das cenas centradas em uma antiga mansão veneziana de Palazzi, poucas são as imagens externas da cidade italiana. Todavia, em raros momentos quando isso acontece, é um encanto turístico acompanhar Morton na gôndola pelo canal de Veneza. Esse mesmo personagem é quem narra e guia todo desenvolvimento da trama, com raras exceções nas sequencias do passado de Juliana ao lado do amado Jeffrey Aspern. Essa escolha permite ao espectador mergulhar no desespero e na obsessão do protagonista em não medir esforços para concretizar seu objetivo. 

Esse sentimento perverso também é observando nas duas mulheres, tanto no desejo reprimido a as oportunidades perdidas de Tina por ter dedicado toda sua juventude em cuidar da tia, quanto na própria Juliana, em esconder à todo custo o conteúdo das cartas e em não deixar ser tocada nas mãos.

O roteiro constrói de modo preciso os diálogos desse drama psicológico, uma vez que os personagens nunca revelam completamente suas intenções, talvez por isso mesmo, o labirinto de mistérios e jogo de sedução se sobrepõem e gradativamente transforma a narrativa em algo um tanto quanto insossa. "Os papéis de Aspern", tem como mérito a impetuosidade dos atores em transpassarem para seus personagens o quão presos estão em armadilhas que vão além de seus controles, traduzindo as fragilidades e desamparos destes.  
CineBliss***

 



Ficha técnica: 

Os papéis de Aspern (The Aspern Papers)
Alemanha/Reino Unido, 2018
Direção: Julien Landais
Roteiro: Hannah Bhuiya, Henry James, Jean Pavans, Julien Landais
Produção: Gabriela Bacher, Julien Landais
Fotografia: Philippe Guilbert
Montagem: Hansjörg Weißbrich
Elenco: Jonathan Rhys Meyers, Vanessa Redgrave, Joely Richardson

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