O filme húngaro "Entardecer" enaltece o protagonismo feminino e flerta com os prenúncios da Primeira Guerra Mundial
O diretor e roteirista húngaro László Nemes, vencedor do Oscar 2016 na categoria Melhor Filme Estrangeiro por "O filho de Saul", lançou nos cinemas seu mais recente trabalho, "Entardecer" (2018). O filme que logrou o prêmio FIPRESCI – Federação Internacional dos Críticos de Cinema na última edição do Festival de Veneza, é situado em 1913, em Budapeste, em um período pré-Primeira Guerra Mundial com o início do esfacelamento do Império Austro-húngaro.
CineBliss****
Na cidade de intenso movimento e circulação de pessoas de diferentes línguas, a jovem Irisz Leiter (Juli Jakab) retorna após anos de reclusão no interior do país, em busca de suas origens. O primeiro lugar ao qual se destina é a loja de chapéus Leiter, que por muitos anos pertenceu a sua família. Ali, ela consegue um trabalho e, logo descobre a existência de um suposto irmão que simplesmente desapareceu.
Nesse contexto, ela decide ir atrás de seu parente mais próximo, porém, conforme ela se aprofunda em sua investigação pelas ruas escuras de Budapeste, mas ela observa a podridão da sociedade permeada em revestimentos de luxo, poder, aparência, violência contra as mulheres, trabalho escravo, entre outros.
Assim como em "O filho de Saul" cujo protagonista empenha-se com uma força esmagadora em realizar sua missão de enterrar o menino que toma como seu, em "Entardecer", Irisz Leiter assume esse posto e potencializa toda sua energia em encontrar o paradeiro de seu único familiar. Mesmo sozinha, perdida e assediada em várias ocasiões, a personagem principal emprega atos de bravura em uma civilização dominada pelos homens.
Se Budapeste é vista como um turbilhão às vésperas de sua ruína, a mesma intensidade é aplicada aos movimentos de câmera grudada na protagonista na maioria das vezes com enquadramentos tanto do rosto ou da nuca. Esse fator segundo o diretor: "possibilita uma abordagem altamente íntima em um filme de época incomum" e, realça a sensação de desorientação e tensão vivenciada tanto pela personagem Irisz Leiter quanto pelo espectador.
Mesmo retratado historicamente em um momento de prenúncio de brutalidade, o filme trabalha com uma fotografia tomada pela tonalidade dourada com bastante luz solar, contrapondo-se vez ou outra com a escuridão da noite durante as perambulações da protagonista. À vista disso, essa ótica simbólica permite transparecer um ar nostálgico de um momento de cosmopolitismo e glamour que está com seus dias contados. "Entardecer", é uma amostragem singular da sociedade europeia ainda inconsciente sobre seu destino, sob o viés do olhar feminino.
Nesse contexto, ela decide ir atrás de seu parente mais próximo, porém, conforme ela se aprofunda em sua investigação pelas ruas escuras de Budapeste, mas ela observa a podridão da sociedade permeada em revestimentos de luxo, poder, aparência, violência contra as mulheres, trabalho escravo, entre outros.
Assim como em "O filho de Saul" cujo protagonista empenha-se com uma força esmagadora em realizar sua missão de enterrar o menino que toma como seu, em "Entardecer", Irisz Leiter assume esse posto e potencializa toda sua energia em encontrar o paradeiro de seu único familiar. Mesmo sozinha, perdida e assediada em várias ocasiões, a personagem principal emprega atos de bravura em uma civilização dominada pelos homens.
Se Budapeste é vista como um turbilhão às vésperas de sua ruína, a mesma intensidade é aplicada aos movimentos de câmera grudada na protagonista na maioria das vezes com enquadramentos tanto do rosto ou da nuca. Esse fator segundo o diretor: "possibilita uma abordagem altamente íntima em um filme de época incomum" e, realça a sensação de desorientação e tensão vivenciada tanto pela personagem Irisz Leiter quanto pelo espectador.
Mesmo retratado historicamente em um momento de prenúncio de brutalidade, o filme trabalha com uma fotografia tomada pela tonalidade dourada com bastante luz solar, contrapondo-se vez ou outra com a escuridão da noite durante as perambulações da protagonista. À vista disso, essa ótica simbólica permite transparecer um ar nostálgico de um momento de cosmopolitismo e glamour que está com seus dias contados. "Entardecer", é uma amostragem singular da sociedade europeia ainda inconsciente sobre seu destino, sob o viés do olhar feminino.
Ficha técnica:
Entardecer (Napszállta)
Hungria/França, 2018
Direção: László Nemes
Roteiro: László Nemes
Produção: Gábor Sipos
Elenco: Juli Jakab, Vlad Ivanov, Judit Bárdos,
Comentários
Postar um comentário