"Druk" embriaga as telas com um brinde para o despertar da vida


O diretor dinamarquês Thomas Vinterberg responsável por obras cinematográficas complexas como "A caça" (2012),"A comunidade" (2016) e "Festa em família" (1998), a última precursora do Movimento Dogma 95, pulsa com fervor novamente o cinema com seu novo longa-metragem, "Druk" (2020). O drama com pitadas de humor foi selecionado para competição oficial do Festival de Cannes 2020, esteve presente no Festival de Londres e encerrou a 44ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. 

Ainda sem data de estreia nas salas de exibição nacional, "Druk" percorre uma trajetória ousada e provocadora ao ilustrar a busca de quatro homens de meia idade pela sensação de sentirem novamente a alegria e o prazer da vida. Martin (Mads Mikkelsen), Tommy (Thomas Bo Larsen), Peter (Lars Ranthe) e Nikolaj (Magnus Millang), são professores de ensino secundário cujas carreiras profissionais e vidas amorosas estagnaram-se, e suas jornadas resumem em cumprir com a rotina. Ao tomarem conhecimento de uma teoria norueguesa sobre a contínua manutenção de 0,5% de teor alcoólico na corrente sanguínea para liberar a mente, os quatro decidem experimentarem a ideia e criam suas próprias metodologias para o uso da bebida alcoólica. 

Num primeiro momento, esses professores nutridos pelo álcool no sangue exprimem essa nova condição tanto no trabalho quanto no ambiente privado de forma consciente e jovial. Da falta de comunicação com seus familiares ou o tédio, eles incorporam uma avidez em desfrutar as experiências. Porém, esse despertar logo dá espaço para conflitos internos até então adormecidos e os expõem para situações fora do controle. 

Há que destacar a performance do ator dinamarquês Mads Mikkelsen - segundo trabalho ao lado de Thomas Vinterberg -, em transparecer de modo suntuoso o processo de transformação ao qual seu personagem é submetido ao longo do filme. Se no começo o corpo de Martin era engessado pelos percalços da existência, esse mesmo corpo torna-se revigorado por vitalidade. Como pode ser visto na entusiástica sequencia final.

Embasado por um roteiro conciso, primoroso e profundo, "Druk" transita por uma linha tênue na discussão sobre o consumo de bebida alcoólica sem abrir brechas para um falso moralismo e, sim, em enaltecer a ânsia em resgatar a própria vida sufocada pelo descontentamento e pelo distanciamento das relações afetivas. Tanto quanto o começo fervoroso, o fim da narrativa também apresenta um bailado e um brinde ao deleite de estar vivo, independente da idade. 
*CineBliss*****
 

Ficha técnica: 

Druk (Druk) 
Dinamarca, 2020
Direção: Thomas Vinterberg 
Roteiro: Thomas Vinterber, Tobias Lindholm
Elenco:  Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Lars Ranthe, Magnus Millang

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