Jornada da Heroína debate o filme "O bebê de Rosemary" sob a temática de corpo grávido, vigilância constante!

 

O primeiro encontro do grupo Jornada da Heroína deste ano debateu na última terça-feira (27), o filme "O bebê de Rosemary"(1968), do diretor polonês Roman Polanski (O pianista, Repulsa ao sexo). Inserido dentro do tema "Amor Materno: Instinto Natural ou Construção Social?, buscou-se elucidar sobre a tensão entre a violência física e emocional ao qual a personagem título é exposta ao longo de sua gestação involuntária do AntiCristo.

Como fios condutores para a discussão teve-se a analise da figura patriarcal da narrativa corporificada pelo personagem de Guy (John Cassavetes), a reafirmação da dona de casa por meio da personagem Rosemary (Mia Farrow), o apartamento em que moram como metáfora para o corpo feminino, a gestação controlada e enferma vivida pela protagonista, o estupro diabólico com permissão do marido e o condicionamento forçado para criação dos laços maternos com o bebê.

A personagem de Rosemary retratada como uma mulher de aparência dócil, indefesa, frágil e com voz suave ao longo do desenvolvimento da narrativa é exposta a diversos tipos de abusos não só o físico, como também intimidações por parte do companheiro tanto em sua alimentação quanto também em não ter o poder de decidir sobre o médico de sua preferência. Diversas formas de controle e domínio são promovidas por meio de aplicação de sedativos, afastamento dos amigos e ao silenciamento de suas aflições. 

Com a gestação de um ser ameaçador para a humanidade, Rosemary tem seu corpo invadido por dores constantes, emagrecimento, perda de controle e cooptada a "Ser uma mãe para seu bebê", mesmo que tal ação seja oriunda de um estupro com o próprio Diabo e, a criança, nada menos que o AntiCristo. 

Em relação à esta última demanda exigida pelos membros da seita, há indagação se tal ação seja algo inerente de uma mãe ou devido ao mito do amor materno que, segundo Elizabeth Badinter em sua publicação "Um amor conquistado: o mito do amor materno" surge a partir do século XVIII como uma forma de organizar a sociedade, de modo que permite o estabelecimento de comportamentos que interessam aos Estados concernentes às mulheres.

O próximo encontro ocorrerá no dia 26 de março (terça-feira), às 19h30, com o filme "As boas maneiras"(2017), dos realizadores Juliana Hojas e Marco Dutra, disponível na plataforma de streaming Netflix.  Para maiores informações: jornadaheroinaemk@gmail.com 



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