Estreou recentemente na plataforma de streaming MUBI um dos filmes mais aguardados do ano, o finlandês "Folhas de Outono" do diretor Aki Kaurismäki (O porto, O homem sem passado), laureado na última edição do Festival de Cannes com o prêmio do Júri. O famoso e lucrativo clichê de narrativa focada no menino encontra menina, aqui ganha contornos espontâneos, cômicos e por que não com críticas políticas e econômicas.
De um lado, tem-se a estoquista de supermercado Ansa (Alma Pöysti) e, do outro encontra-se Holappa (Jussi Vatanen), um trabalhador que vive de subempregos. Ambos se solidarizam na solidão, na alienação do trabalho exaustivo e em vidas tragadas pelo ritual de mera sobrevivência. Quando suas jornadas se cruzam, o destino faz o favor de desarranjar as estruturas do que talvez poderia ser um romance até o momento que os dois tenham confrontado com suas angústias e vícios.
Tal construção da narrativa, nutrida por poucos diálogos, tem o cinema como combustível para trilhar esses futuros amantes. Tanto no sentido do local tornar-se um possível ponto de encontro para eles como também no espaço de válvula de escape de suas rotinas. Não à toa, o título visto pelos dois "Os mortos não morrem" (2019) do diretor Jim Jarmusch, faz alusão à suas próprias sinas em identificarem-se com os personagens zumbis que não estão nem vivos nem mortos, apenas perambulando pelos caminhos da existência.
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