Estreou na última semana de fevereiro a cinebiografia da cantora norte-americana Billie Holiday (1915 - 1959), diretamente na plataforma de streaming Hulu. Dirigido por Lee Daniels (Preciosa - Uma história de esperança, O mordomo da Casa Branca), "Estados Unidos vs Billie Holiday" (2021) aborda a carreira da artista musical no momento em que ela é investigada pelo Departamento de Narcóticos do FBI.
Ao som da refinada voz da atriz Andra Day, cuja interpretação de Billie Holiday já lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz Drama no Globo de Ouro 2021 e uma indicação ao Oscar na mesma categoria, o filme expõe o caminho tortuoso da cantora relacionados à problemas com drogas, aos homens que a agridem e surrupiam seu dinheiro, e a um passado traumático de infância. Forjada no desequilíbrio entre talento e sofrimento, observa-se a potência dessa que se tornara uma das vozes mais pungentes da história do jazz.
Liderado pelo agente negro do FBI, Jimmy Fletcher (Thevante Rhodes), o filme concentra-se em retratar uma perseguição desenfreada à artista. A desculpa utilizada pela instituição governamental é atrelada ao seu vício em heroína. No entanto, logo transparece-se que o real motivo está ligado à sua canção "Strange Fruits", considerada pelo governo americano como estimuladora de revoltas na comunidade negra por conta de uma letra poética e visceral. A cantora torna-se acossada não só nos palcos quanto também em seu ambiente privado ou até mesmo no hospital.
Se por um lado, Billie Holiday é sujeita à violência física e psicológica por parte da polícia, dos homens que a cercam e até mesmo de si própria por conta das dependências às drogas. Há também que realçar a hostilidade em virtude de sua cor de pele. No início do filme, a primeira pergunta feita por uma repórter à artista musical diz respeito a sua pele negra. Esse fator é marcante em toda narrativa, uma vez que é um corpo negro feminino defrontando o governo norte-americano ao incitar através da arte musical um processo de conscientização e resistência. Uma mulher negra que saí da miséria extrema e da prostituição para ganhar o coração do público.
Clássicos da cantora como "All of me", "Solitude", "I cried for you" ou a já citada acima, são expostos ao longo da narrativa em palcos glamorizados e surtem um efeito acachapante na alma do espectador. Impossível não se arrepiar na sequencia em que a atriz Andra Day entoa "Strange Fruits", e um bando de policiais deslocam-se para prendê-la.
Ficha técnica:
Comentários
Postar um comentário