"Três anúncios para um crime" (2017), do diretor Martin McDonagh (Sete psicopatas e um Shih Tzu) vem logrando os principais prêmios da temporada 2018 incluindo Globo de Ouro de Melhor Filme Drama, Melhor Atriz para Frances McDormand, Melhor Ator Coadjuvante para Sam Rockwell. No último domingo (18), foi a vez de faturar cinco estatuetas no BAFTA, Oscar Britânico, nas mesmas categorias citadas acima e, também como Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Britânico. Já para a cerimônia do Oscar que ocorrerá no dia 04 de março, o longa está disputando sete prêmios nos já apontados segmentos, com acréscimo para Melhor Trilha Sonora e para o ator Woody Harrelson que concorre com o colega de trabalho na mesma categoria.
Todo esse reconhecimento se faz jus à uma narrativa dolorosa e ao mesmo tempo mordaz, construída para enaltecer personagens comuns de uma pequena cidade americana - Ebbing, Missouri -, quando são surpreendidos por um evento provocativo. Mildred Hayes (Frances McDormand), uma mulher separada do marido e com um filho adolescente, decide colocar pequenas frases em três outdoors de uma estrada pouco movimentada. As mensagens direcionadas à policia local, em especial ao delegado Willoughby (Woody Harrelson), é a forma encontrada por ela para chamar atenção ao caso não solucionado do estupro e morte de sua filha. Logo, a comunidade até então com suas vidas monótonas, deparam-se com um desencadeamento de situações um tanto quanto bizarras e violentas.
A jornada de Mildred em enfrentar sozinha a desaprovação das pessoas locais em relação aos três outdoors, exige que ela incorpore uma expressão séria o tempo todo, sem dar brechas para qualquer tipo de aproximação de outras pessoas. O que era apenas um chamativo para os policiais agirem, gera no interior de Mildred o sentimento de ódio e de violência. Todavia, a complexidade da personagem permite com que ela exponha seu lado bondoso e carinhoso, como visto na cena de interrogatório com o delegado, ou ajudando um inseto. Sua busca não é apenas em encontrar e colocar na cadeia o assassino de sua filha, mas também, em redimir-se do sofrimento do luto. A atriz Frances McDormand, presenteia o espectador com uma performance de pura entrega e magnificência à enigmática Mildred, gerando uma experiência inquietante.
Na mesma conjuntura, outro personagem repleto de camadas é o oficial Jason Dixon (Sam Rockwell), que carrega em si discursos conservadores inflamados, expostos na narrativa através de agressões físicas ou verbais. O comportamento desse policial psicopata passa longe de uma performance estereotipada, pelo contrário, o talento de Sam Rockwell oferece uma versão humana do personagem, o que faz com que roube as cenas em vários momentos do filme.
Para a fluidez desses personagens multifacetados, o roteiro trilha um caminho estruturado por um ritmo dinâmico, acentuado nas provocações e, pautados por diversos diálogos referentes aos direitos civis. Observa-se a busca em discutir questões sobre o aceitável ou não no convívio em sociedade, a complexidade do caráter humano e, acima de tudo, as ações que cada indivíduo é capaz de fazer na efervescência da raiva ou no pulsar da generosidade.
A trilha sonora semelhante aos filmes do gênero de faroeste, empresta um vigor sensorial sobre o ato de vingança, revelando a fúria borbulhante da cidade de Ebbing. Cada unidade de linguagem narrativa utilizada em "Três anúncios para um crime", possibilita refletir sobre o âmago de uma pessoa deixar-se contagiar pelas emoções à flor da pele, sem necessariamente pensar nas consequências. Só que no caso específico do filme, essas explosões de temperamentos vem embriagados de um humor ácido, com um final aberto para inúmeras reflexões.
CineBliss
Ficha técnica:
Três anúncios para um crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Reino Unido/ Irlanda do Norte/ Estados Unidos, 2017
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Produção: Graham Broadbent, Martin McDonagh, Peter Czernin
Fotografia: Ben Davis
Montador: John Gregory
Elenco: Frances McDormand, Sam Rockwell, Woody Harrelson, Peter Dinklage
Todo esse reconhecimento se faz jus à uma narrativa dolorosa e ao mesmo tempo mordaz, construída para enaltecer personagens comuns de uma pequena cidade americana - Ebbing, Missouri -, quando são surpreendidos por um evento provocativo. Mildred Hayes (Frances McDormand), uma mulher separada do marido e com um filho adolescente, decide colocar pequenas frases em três outdoors de uma estrada pouco movimentada. As mensagens direcionadas à policia local, em especial ao delegado Willoughby (Woody Harrelson), é a forma encontrada por ela para chamar atenção ao caso não solucionado do estupro e morte de sua filha. Logo, a comunidade até então com suas vidas monótonas, deparam-se com um desencadeamento de situações um tanto quanto bizarras e violentas.
A jornada de Mildred em enfrentar sozinha a desaprovação das pessoas locais em relação aos três outdoors, exige que ela incorpore uma expressão séria o tempo todo, sem dar brechas para qualquer tipo de aproximação de outras pessoas. O que era apenas um chamativo para os policiais agirem, gera no interior de Mildred o sentimento de ódio e de violência. Todavia, a complexidade da personagem permite com que ela exponha seu lado bondoso e carinhoso, como visto na cena de interrogatório com o delegado, ou ajudando um inseto. Sua busca não é apenas em encontrar e colocar na cadeia o assassino de sua filha, mas também, em redimir-se do sofrimento do luto. A atriz Frances McDormand, presenteia o espectador com uma performance de pura entrega e magnificência à enigmática Mildred, gerando uma experiência inquietante.
Na mesma conjuntura, outro personagem repleto de camadas é o oficial Jason Dixon (Sam Rockwell), que carrega em si discursos conservadores inflamados, expostos na narrativa através de agressões físicas ou verbais. O comportamento desse policial psicopata passa longe de uma performance estereotipada, pelo contrário, o talento de Sam Rockwell oferece uma versão humana do personagem, o que faz com que roube as cenas em vários momentos do filme.
Para a fluidez desses personagens multifacetados, o roteiro trilha um caminho estruturado por um ritmo dinâmico, acentuado nas provocações e, pautados por diversos diálogos referentes aos direitos civis. Observa-se a busca em discutir questões sobre o aceitável ou não no convívio em sociedade, a complexidade do caráter humano e, acima de tudo, as ações que cada indivíduo é capaz de fazer na efervescência da raiva ou no pulsar da generosidade.
A trilha sonora semelhante aos filmes do gênero de faroeste, empresta um vigor sensorial sobre o ato de vingança, revelando a fúria borbulhante da cidade de Ebbing. Cada unidade de linguagem narrativa utilizada em "Três anúncios para um crime", possibilita refletir sobre o âmago de uma pessoa deixar-se contagiar pelas emoções à flor da pele, sem necessariamente pensar nas consequências. Só que no caso específico do filme, essas explosões de temperamentos vem embriagados de um humor ácido, com um final aberto para inúmeras reflexões.
CineBliss
Ficha técnica:
Três anúncios para um crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Reino Unido/ Irlanda do Norte/ Estados Unidos, 2017
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Produção: Graham Broadbent, Martin McDonagh, Peter Czernin
Fotografia: Ben Davis
Montador: John Gregory
Elenco: Frances McDormand, Sam Rockwell, Woody Harrelson, Peter Dinklage
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