Em 2015, o cinema brasileiro apresentou ao espectador a emprega doméstica Val (Regina Casé), em "Que horas ela volta?", da diretora Anna Muylaerte. No ano seguinte, foi a vez de Clara (Sonia Braga), em ""Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, e, esse ano, o destaque é para a personagem Rosa (Maria Ribeiro), do filme "Como nossos pais" (2016), de Laís Bodanzky (O bicho de sete cabeças; Chega de saudade). A jornada dessas três personagens brasileiras demonstra uma transformação de narrativas cinematográficas nacionais, por meio de um aumento de protagonistas femininas e um novo jeito de contar histórias. Val, Clara e Rosa, retratam os diferentes tipos de mulheres que anseiam serem heroínas de suas próprias jornadas. Seja em construir uma relação afetiva com a filha, em resistir ou em suspirar pela verdade.
No caso de Rosa, uma mulher com seus trinta e poucos anos, a fase de buscas e conflitos sucede nos minutos iniciais do filme com a revelação bombástica de sua mãe Clarissa (Clarisse Abujamra), sobre a verdadeira identidade de seu pai. A cena da confissão que ocorre após um desastroso almoço familiar, indica o clima tenso na relação entre mãe e filha. Casada com Dado (Paulo Vilhena) e mãe de duas adolescentes, Rosa desenvolve conteúdos para uma empresa de cerâmica de banheiros, contudo, guarda em seu coração o sonho frustrado de ser uma dramaturga.
Sua rotina imersa em acúmulo de papéis - mãe, filha, esposa, trabalhadora e dona de casa-, sucumbe com a revelação de Clarissa. À partir disso, sua trajetória transforma-se em questionar seus laços afetivos e, aceitar que não consegue dar conta de tudo sozinha. Sua jornada por uma nova identidade e pela verdade, tornam-se seu propósito.
É notório a exploração do roteiro - assinado por Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi - sob o ponto de vista da mulher, perante uma sociedade regida pelos ditames patriarcais com diálogos provocadores sobre os conflitos da mulher contemporânea. Destaca-se também as diversas referências de mulheres no filme, que buscaram transgredir o patriarcalismo tanto no mundo real, ficcional ou bíblico. No primeiro caso, a menção é para Simone de Beauvoir, com a clássica obra "O segundo sexo", de 1949, que abriu espaço para discussões e reivindicações feministas. Na literatura, a ligação é com a peça teatral "Casa de Bonecas", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, de 1879, em que a protagonista Nora, abandona a família patriarcal. Por último, a citação da escritura referente à Eva - origem de todo pecado na Terra segundo a Bíblia - feita de um modo um tanto quanto sarcástico.
No caso de Rosa, uma mulher com seus trinta e poucos anos, a fase de buscas e conflitos sucede nos minutos iniciais do filme com a revelação bombástica de sua mãe Clarissa (Clarisse Abujamra), sobre a verdadeira identidade de seu pai. A cena da confissão que ocorre após um desastroso almoço familiar, indica o clima tenso na relação entre mãe e filha. Casada com Dado (Paulo Vilhena) e mãe de duas adolescentes, Rosa desenvolve conteúdos para uma empresa de cerâmica de banheiros, contudo, guarda em seu coração o sonho frustrado de ser uma dramaturga.
Sua rotina imersa em acúmulo de papéis - mãe, filha, esposa, trabalhadora e dona de casa-, sucumbe com a revelação de Clarissa. À partir disso, sua trajetória transforma-se em questionar seus laços afetivos e, aceitar que não consegue dar conta de tudo sozinha. Sua jornada por uma nova identidade e pela verdade, tornam-se seu propósito.
É notório a exploração do roteiro - assinado por Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi - sob o ponto de vista da mulher, perante uma sociedade regida pelos ditames patriarcais com diálogos provocadores sobre os conflitos da mulher contemporânea. Destaca-se também as diversas referências de mulheres no filme, que buscaram transgredir o patriarcalismo tanto no mundo real, ficcional ou bíblico. No primeiro caso, a menção é para Simone de Beauvoir, com a clássica obra "O segundo sexo", de 1949, que abriu espaço para discussões e reivindicações feministas. Na literatura, a ligação é com a peça teatral "Casa de Bonecas", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, de 1879, em que a protagonista Nora, abandona a família patriarcal. Por último, a citação da escritura referente à Eva - origem de todo pecado na Terra segundo a Bíblia - feita de um modo um tanto quanto sarcástico.
Com uma interpretação arrebatadora de Maria Ribeiro - logrou o Kikito de Melhor Atriz em Gramado -, expondo de forma intensa as diversas camadas de sua personagem, as questões sobre os papéis desempenhados pela mulher contemporânea afloram para fora da sessão de cinema e alavanca reflexões e discussões profundas. O mérito de atuações primorosas também contempla Clarisse Abujamra que faturou o Kikito, como Melhor Atriz Coadjuvante e, esbanja a complexidade de ser uma mãe intelectual de classe média, que procura resistir aos ditames da sociedade capitalista.
Vale destacar os personagens masculinos, cuja representação no longa-metragem expressam uma tentativa de nova imagem do homem. Tanto o pai de Rosa, Homero (Jorge Mautner), com seu jeito sonhador e dependente financeiramente das mulheres, como Pedro (Felipe Rocha) ou, Dado, no papel do marido exercitando na cooperação com a divisão de tarefas dentro de casa.
"Como nossos pais", chega num momento oportuno para incrementar debates sobre os papéis desempenhados tanto pelas mulheres quanto pelos homens na construção de uma sociedade mais igualitária. Além de contemplar uma delicada e expressiva relação de mãe e filha. Sem sombra de dúvidas, o cinema nacional vive um período pujante, com narrativas cinematográficas de alto nível e para todos os gostos. Não deixem de apreciar o Cinema Brasileiro!
CineBliss
Ficha técnica:
Como nossos pais (Como nossos pais)
Brasil, 2016
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Laís Bodanzky, Luiz Bolognesi
Produção: Caio Gullane, Rodrigo Castellar
Fotografia: Pedro J. Márquez
Elenco: Maria Ribeiro, Clarisse Abujamra, Paulo Vilhena, Felipe Rocha, Jorge Mautner
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