"Ciganos da Ciambra" tem no rito de passagem de um adolescente, o retrato social dos excluídos na Calábria
Estreia hoje nas principais salas de cinema do país o filme italiano "Ciganos da Ciambra" (2017), do diretor e roteirista Jonas Carpignano, que logrou no ano passado em Cannes, o prêmio Europa Cinemas Label, na Quinzena de Realizadores. O drama produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira (Frances Ha; Me chame pelo seu nome), goza do neorrealismo italiano para narrar os rituais de passagem do adolescente de 14 anos, Pio (Pio Amato). Junto de sua família numerosa, ele vive na Ciambra, uma pequena comunidade romana na Calábria, cercado de miséria e violência.
Pio anseia em tornar-se adulto, uma vez que bebe, fuma e comete pequenos delitos, porém, ainda experimenta o lado infantil de brincar de bola ou sentar-se no colo da mãe. Quando seu irmão Cosimo (Damiano Amato) é preso, ele assume o posto de provedor da família, o que acarreta num fardo pesado para aguentar sozinho. Sua única ajuda é do amigo africano Ayiva (Koudous Seihon), cuja relação se desenvolve no molde de mentor para Pio. Esse despertar para responsabilidades de um adulto, coloca-o diante de escolhas cruciais para sua jornada. Tanto que a cena final, com o caminhar do jovem rumo à sua decisão é de uma beleza estética e narrativa visceral.
O local da história como destacado no título original "A Ciambra" não deixa de ser um personagem, que mesmo de forma precária, acolhe essas pessoas excluídas da sociedade - imigrantes africanos, máfia italiana e ciganos. Essa mistura de culturas é exposta com frequência no decorrer do filme, como por exemplo, durante o jantar da família de Pio um dos integrantes fala: "comem comida de italianos e bebem como africanos".
O local da história como destacado no título original "A Ciambra" não deixa de ser um personagem, que mesmo de forma precária, acolhe essas pessoas excluídas da sociedade - imigrantes africanos, máfia italiana e ciganos. Essa mistura de culturas é exposta com frequência no decorrer do filme, como por exemplo, durante o jantar da família de Pio um dos integrantes fala: "comem comida de italianos e bebem como africanos".
A fotografia com tomadas realistas da Ciambra e seu entorno, faz com que o ambiente miserável seja transpassado para às telas por meio de uma radiografia cru e pungente das pequenas mazelas humanas. As engrenagens desse cenário social desfavorável, é enaltecido com um trabalho de som eficaz que entrega a efervescência dessa conjuntura com muito barulho, ruídos de motocicletas, carros, música ou pessoas falando alto. Esse retrato social dos excluídos visto sob a ótica de Pio, provoca uma experiência inquietante e ao mesmo tempo comovente no espectador. Não deixem de conferir!
CineBliss
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*Visto no Festival do Rio 2017.
Ficha técnica:
Ciganos da Ciambra (A Ciambra)
Itália/França, 2017
Direção: Jonas Carpignano
Roteiro: Jonas Carpignano
Produção: Alessio Lazzreschi, Christoph Daniel, Gwyn Sannia, Jon Coplon, Rodrigo Teixeira, Ryan Zacarias
Fotografia: Tim Curtin
Montador: Affonso Gonçalves
Elenco: Pio Amato, Damiano Amato, Koudous Seihon
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