"Magia ao luar" aposta no ocultismo da lógica do amor




Todos temos nossas crenças e procuramos defender arduamente aquilo que acreditamos ser a verdade, contudo algumas vezes a vida com suas surpresas nos coloca em situações aos quais temos que rever essas crenças e nos transformar com o aprendizado. Pois esse tema, é basicamente a história que o diretor Woody Allen busca retratar em seu novo filme "Magia ao Luar".

O mágico Stanley (Colin Firth) que trabalha com o pseudônimo de Wei Ling Soo se considera o melhor em sua profissão, com sua formação voltada totalmente para o racional se diz com o talento para desmascarar qualquer falso espiritualista. Esse é justamente o chamado que Stanley recebe de seu amigo Howard (Simon McBurney), quando este o visita à procura de ajuda para se certificar se uma jovem americana de origem humilde, Sophie (Emma Stone) realmente tem poderes mediúnicos. Howard convida Stanley para passar um final de semana com a milionária família Catledge na Riviera Francesa em que a jovem está hospedada e avaliar se é ou não uma fraude os poderes espirituais de Sophie.

Stanley com sua credulidade, ceticismo e uma certa arrogância se depara com uma jovem de poderes espirituais convincentes, ao qual, desperta nele um questionamento sobre a vida, fé, a existência de Deus e as artimanhas emocionais. Woody Allen, retrata as transformações dos personagens com as cores e a comida, Stanley que no começo aparece usando ternos escuros, depois se vê com cores mais claras, se socializando mais, aproveitando os lados bons da vida. Já Sophie, passa quase o filme todo comendo, em que ela mesma diz ser um fato, por nunca ter se apaixonado.

Como muitos dos filmes do diretor, novamente, ele volta para a questão do relacionamento entre um homem mais velho e uma mulher mais nova, nesse caso Stanley com todo seu sarcasmo inglês se aproxima cada vez mais de Sophie para tentar desmascará-la, no entanto, ele não esperava que na lógica do amor não há explicações racionais para possíveis entendimentos, é um fenômeno ao qual não se pode explicar. O que era apenas uma missão de desvendar a trapaceira se torna numa descoberta do amor e suas mágicas inexplicáveis. Esses dois temas, a mágica e o relacionamento amoroso inexplicável foram abordados em dois filmes recentes do diretor, o primeiro em "Scoop" de 2006 e o segundo em "Tudo pode dar certo" de 2009.

Duas cenas me chamaram atenção, a primeira delas quando o casal vai se proteger da chuva no observatório e abre o teto para ver a lua, Stanley menciona que aquela visão para ele é assustador, já Sophie diz ser romântico, talvez a maneira como o amor se expressa para cada um. A utilização da noite e da lua para retratar os sentimentos dos dois que ainda não é consciente, demonstra a sofisticação do diretor em colocar símbolos do inconsciente para mostrar o quão misterioso o amor é para todos.

A outra cena se passa durante o baile quando Sophie já ciente de seus sentimentos por Stanley o procura para expressar suas emoções, mas ele com toda racionalidade a questiona sobre esses sentimentos. A forma como a narração acontece demonstra a maestria do diretor em produzir diálogos perfeitos, timing inigualável, sofisticação e humor cortante.

Não se pode dizer que seja um dos melhores filmes do Woody Allen, mas certamente não é um dos piores, principalmente para um diretor que produz um filme por ano há 4 décadas, com certeza não é para muitos. Vale a pena ir assistir pelas risadas, pela leveza do filme e claro para ver ótimas interpretações inglesas do ator Colin Firth e da atriz Eillen Atkins.
CineBlissEK




Ficha Técnica:

Magia ao Luar (Magic in the moonlight)
2014, Estados Unidos
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Produção: Edward Walson, Letty Aronson, Stephen Tenenbaum
Fotografia: Darius Khondji 
Elenco: Colin Firth, Emma Stone,  Eillen Atkins


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